Desculpe a Demora
Sempre tive pressa. Uma pressa de viver. Nasci no oitavo mês da gestação e, claro, nem precisei de UTI neonatal. O útero até era um lugar bacana, mas aqui fora parecia melhor. Fui a criança no meio de adultos, minhas irmãs adolesciam quando cheguei. Isso me deu pressa de crescer. Aos 14 anos arrumei meu primeiro emprego. Vetado, é claro, por pais responsáveis. Chorei até os 17, quando finalmente estreei a carteira de trabalho. Eram duas faculdades; inglês, francês e espanhol; e um emprego de meio período. Seria perfeito se, aos 19, não tivesse adoecido. Um mal-estar súbito, uma cirurgia de urgência, um diagnóstico assustador: câncer. Para tudo! Não, não comigo. Suspendi apenas as fotos de toda e qualquer ordem e a faculdade, essa só por seis meses. Arrumei alunos particulares de inglês – a família do pediatra Márcio Lisboa e o então tarólogo Veet Vivarta, hoje um dos importantes nomes da ANDI –, mencionados aqui em gratidão. Sarei (bonita palavra, não?), abandonei um dos cursos superiores, me graduei em jornalismo, fui a comunicóloga mais …